Morre a jornalista Cleide Carvalho, do Grupo Globo

A jornalista Cleide Carvalho, um dos nomes mais respeitados da redação do Grupo Globo, faleceu nesta sexta-feira, aos 63 anos, após enfrentar uma longa batalha contra o câncer. Dona de uma trajetória profissional exemplar, Cleide se destacou por reportagens que uniam apuração minuciosa e profundo senso de justiça, sempre comprometida com a verdade e com o impacto social do jornalismo.

Formada pela Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, Cleide iniciou sua carreira explorando a área econômica, mas logo mostrou sua versatilidade ao transitar por diferentes editorias. Suas reportagens abordaram temas como desigualdade social, crimes ambientais e a defesa dos direitos humanos. Foi pioneira ao denunciar casos como o tráfico de adolescentes entre o Pará e São Paulo, mesmo sob risco de ameaças, e documentou a luta dos povos indígenas contra atividades ilegais em suas terras.

Sua atuação na cobertura da Operação Lava Jato também foi marcante. Entre São Paulo e Curitiba, Cleide se dedicou a desvendar bastidores, cultivar fontes confiáveis e trazer à tona informações exclusivas, consolidando-se como uma das mais respeitadas jornalistas investigativas do país.

Com uma visão de futuro, Cleide foi fundamental na transição para o jornalismo digital. Atuou ativamente no desenvolvimento do site do “O Globo” em São Paulo, contribuindo para importantes coberturas que marcaram a história recente do Brasil, como o desabamento da estação Pinheiros do metrô e o caso Isabela Nardoni. Em tragédias nacionais ou momentos de celebração, como o Carnaval paulista e a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, sua presença era sinônimo de dedicação e excelência.

Colegas de redação destacam sua generosidade e talento em orientar profissionais mais jovens, sempre disposta a compartilhar conhecimentos e incentivar o olhar crítico. Rigorosa em suas apurações, Cleide buscava não apenas respostas, mas novas perspectivas, sempre desafiando os limites do jornalismo.

Mesmo durante o tratamento de saúde, manteve-se ativa, fiel ao seu ofício, com energia e bom humor que inspiravam todos ao seu redor. Cleide deixa um exemplo inesquecível de ética, paixão pela notícia e compromisso com o impacto social de cada palavra escrita.